quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A realidade das vaquejadas

 O uso de animais em espetáculos públicos, como a farra do boi, os rodeios e as vaquejadas, são tidos como “manifestações das culturas populares”, amparadas pelo art. 215, § 1º, da Constituição Federal, que diz que “o Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais” e que “o Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional”. Nas vaquejadas dois vaqueiros correm a galope, cercando um animal em fuga, que tem sua cauda tracionada e torcida para que tombe ao chão. Ocorre assim deslocamento de vértebras, rupturas musculares e diversas lesões advindas do impacto recebido. Caudas arrancadas são comuns em vaquejadas. Laudos médico-veterinários atestam a crueldade das vaquejadas. Além de dor física, os animais submetidos a esses procedimentos vivenciam sofrimento mental. Estudos científicos comprovam que a parte do cérebro associada às emoções e aos sentimentos, o diencéfalo, está bem desenvolvida em muitas espécies animais, particularmente nos mamíferos e pássaros. Por meio dessas semelhanças anatômicas, os cientistas têm observado que os animais respondem fisiologicamente à dor física e psíquica (medo, ansiedade, depressão, stress) da mesma maneira que os humanos o fazem. Há de se considerar o bem-estar desses animais. Abusos também ocorrem antes de o animal ser solto na arena. Para que o bovino, manso e vagaroso, adentre a arena em fuga, o animal é confinado em um pequeno cercado, onde é atormentado, encurralado, espancado com pedaços de madeira, e submetido a vigorosas e sucessivas trações de cauda. Ademais, a natureza cruel das vaquejadas é atestada, ainda, pelas regras, onde se lê que “isso acontece quando o boi é puxado dentro da faixa e mostra as quatro patas antes de levantar-se ainda dentro das faixas de classificação” e que “o boi será julgado de pé. Deitado, somente caso não tenha condições de levantar-se”. A justificativa dos defensores das vaquejadas, que alegam que ela é um elemento arraigado em nossa cultura, além de servir de atrativo para o incremento do turismo, movimentando a economia local, com a geração de vários empregos sazonais, não tem cabimento. Não se pode aceitar a tortura institucionalizada de animais com base na supremacia do poder econômico, nos costumes desvirtuados ou no argumento falacioso de que sua prática se justifica em prol do divertimento público, sob pena de se adotar a máxima maquiavélica de que os fins justificam os meios. Fonte: http://www.jurisway.org.br

Um comentário:

  1. Professor Marcos Antônio25 de agosto de 2011 às 10:13

    Concordo plenamente. As vaquejadas são um espetáculo medieval, uma crueldade sem limites. Ademais, não sei qual é a graça que se derrubar e torturar um animal e ainda chamar isso de "esporte". Só queria saber se um vaqueiro gostaria de ser brutalmente derrubado e arrastado. Bando de trogloditas. Parabéns pela matéria e pela coragem.

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